Dando continuidade ao assunto da semana passada…
Como dito na coluna anterior, as principais sociedades praianas na zona litorânea do norte do RS, a SAT, SACC e a SAPT, foram germinadas dentro dos hotéis de veraneio/turismo no final dos anos 1930.
Esses hotéis ofereciam, além de toda a infraestrutura de um hotel (daquela época, é claro), várias atividades de lazer em seus salões. Certamente essa comodidade levou os frequentadores a ampliar as possibilidades de veraneio além da hospedagem em hotéis, surgindo as casas de veraneio e com elas a necessidade de melhorias na infraestrutura desses pequenos balneários. O que nos leva a crer que esses hotéis eram estabelecimentos que supriam grande parte das necessidades desses turistas, tendo assim, estruturas completas.
A SAPT (Sociedade dos Amigos da Praia de Torres), no salão do Balneário Picoral (1936), a SAT (Sociedade dos Amigos de Tramandaí), nas dependências do Hotel Corrêa (1945),a SACC (Sociedade dos Amigos de Capão da Canoa) no Hotel Riograndense (1945). Assim eram estes famosos hotéis:
Balneário Picoral
O Balneário Picoral, inaugurado em dezembro de 1915, era constituído por dois conjuntos de construções, todas em madeira, o primeiro era o Salão de Refeições, local de eventos sociais públicos, restaurante e recepção com capacidade para 500 pessoas, e outro, um grupo de pequenos chalés, conhecidos como o “quadrado do Picoral” que serviam de acomodações para os hóspedes. Hoje ele poderia ser comparado a um Resort (local que oferece hospedagem, recreação e divertimento, esp. para pessoas em gozo de férias, tamanho o número de serviços oferecidos. Além das quatro refeições (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar) o hotel oferecia sorveteria, cabeleireiro, bar, saraus, música ao vivo, guarda-vidas, entre outros.
Hotel Corrêa
Muito parecido com o Picoral, o Hotel Corrêa, em Tramandaí, inaugurado em 1930, até na sua arquitetura se assemelhava, sua sede principal era um sobrado construído, como de costume, em madeira, com alpendre na frente, guarda corpo resguardando o avarandado no segundo pavimento, telhado de duas águas e cobertura de zinco. No seu anúncio dizia que possuía luz elétrica e “especial água de poço artesiano”, inclusive uma asseada cozinha e direção competente, ou seja, era um hotel completo para aquela época.
Hotel Riograndense
A primeira sede do Hotel Riograndense era um edifício que já se destacava no conjunto, especialmente pelas suas proporções em relação às outras construções. O Hotel Riograndense, de Alberto Mury, foi construído em madeira por Juca Valim e inaugurado em 1928, recebendo reformas posteriormente. Mais tarde, o novo proprietário, Ramiro Correa da Silva, fez outra reforma, totalizando 23 chalés de madeira, com novos quartos, e construindo um salão de refeições onde eram realizadas festas e bailes. A 99 metros da beira mar, lá em 1927, iniciou a história do memorável hotel, na época muito modesto, de dois andares e de madeira, como os chalés existentes na época. Em 1930 ele passou por uma reforma e foram construídos 23 chalés de madeira, e um grande salão, onde eram feitas as refeições. Ali aconteciam as festas de natal, carnaval e bailes, o hotel promovia também partidas de futebol e jogos de cartas. A principal atração para os hóspedes era o mar, mas era no salão do hotel que aconteciam as atividades que animavam os veranistas.
Esta é uma pequena homenagem a estes verdadeiros Resorts, pioneiros em quase tudo, e que deram suporte ao início do turismo e do veranismo nas praias do litoral norte do RS.
Fonte: As Sociedades Praianas na Arquitetura Do Litoral Norte do RS. Dissertação de Mestrado. Marione Denise Otto. https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/almanaque/noticia/2021/02/cama-de-ferro-e-colchao-de-palha-como-eram-os-primeiros-hoteis-de-capao-da-canoa-cklbbx5os003t019mcgfxyil3.html; https://www.rossiatlantida.com.br/hist%C3%B3ria
