O VELHO NAVIO ENCALHADO NA ILHA DOS LOBOS

"Desde piá ouvia falar sobre o navio encalhado, no começo dos anos 60. Da praia só se viam dois cascos, no meio da ilha dos lobos, que foram desaparecendo aos poucos, primeiro um depois o outro" (por Roni Dalpiaz).

Naufrágio do Avaí (ou Avahy) na Ilha dos Lobos (Foto Feltes)
27 de setembro de 2019

Desde piá ouvia falar sobre o navio encalhado, no começo dos anos 60. Da praia só se viam dois cascos, no meio da ilha dos lobos, que foram desaparecendo aos poucos, primeiro um depois o outro.

Encontrei, depois de muita pesquisa, um exemplar do “Jornal do Brasil” ( JB ) do dia 17 de março de 1960. Nele estava uma pequena resenha sobre o encalhe do Avaí e de outros dois rebocadores (que também estavam na mesma situação em outros locais na costa do RS). A notícia fora repassada pelo correspondente do JB aqui no RS.

O título da reportagem era esse: “Cargueiro Avaí encalhou na costa do RGS juntamente com Tritão e Tokai Maru”… O cargueiro Avaí, da Empresa Transmar, de acordo com o jornal, havia encalhado no dia 15 de março de 1960, terça-feira, às 20 horas em frente ao Balneário da Cidade de Torres.

São conhecidos pelo menos três naufrágios na costa torrense e, de acordo com o Jornal do Brasil (JB), o Avaí era a terceira embarcação encalhada no RS nos últimos dias. Juntos com ele estavam o Tritão e o Tokai Maru.

Estava noticiado no JB que o Avaí era o sexto barco a encalhar desde 1953, na perigosa costa rio-grandense. Conforme a reportagem, além de perigosa, a costa gaúcha possuía, na época, um reduzido e precário contingente da Marinha. Por este motivo era dependente da Marinha do centro do país.

Essa reportagem ratifica o conteúdo encontrado no livro de Venturella, apenas há uma diferença na grafia do nome do navio, Avaí ou Avahy. Segundo Venturella, o Avaí (ou Avahy) era um navio mercante pertencente a empresa de cabotagem Transmar e navegava de Rio Grande a Santos com carga de lã, óleo de soja e de linhaça, além de outras mercadorias.

Ás 19h45min da noite sem luar, o mar era calmo e o tempo era bom, porém a visibilidade era quase nula. De acordo com o comandante, o cargueiro bateu em algumas pedras e ficou desgovernado, navegando sem rumo certo vindo a encalhar na ilha dos lobos. Os tripulantes soltaram foguetes de sinalização que foram vistos por pescadores e moradores da cidade e estes vieram em socorro dos treze tripulantes.

Ninguém se feriu, apenas os documentos do navio e da tripulação foram misteriosamente perdidos. O capitão do navio, Ecilo Galvão Barcelos culpou seu imediato de ter colocado os documentos em cima de uma baleeira que no momento do choque com as pedras da ilha, caíram no mar.

A mercadoria transportada estava segura nos porões do navio, mas como ele fora abandonado, aos poucos os visitantes da Ilha dos Lobos (sendo que naquela época podia descer lá) foram levando como souvenires os pedaços do navio, bem como as mercadorias.

Abandonado, o navio Avaí, depois de anos partiu-se em dois mas ainda ficou por lá, em cima das pedras, durante mais ou menos 25 anos, desaparecendo por total nos anos 90.

Hoje, o Avaí, deve servir de abrigo para algumas criaturas marinhas do fundo do mar de Torres.

 

Fontes: Jornal do Brasil, 1960;

Roberto Venturella, A História dos Faróis de Torres (LIVRO)

 




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