OPINIÃO – VIVA A FEIRA DO LIVRO DE TORRES! (mas que Feira?)

"Embora muito louvável a iniciativa de trabalhar o público escolar, mas que deveria ser no seu todo (inclusive o estadual e particular), na ótica de formação de leitores e mediação de leitura para os mais novos, uma autêntica FEIRA DO LIVRO deve ser muito mais do que isso..."

20 de outubro de 2022
Por Tommaso Mottironi

“A 20ª edição da Feira do Livro de Torres será realizada de 18 a 23 de outubro de 2022 e tem como tema: “Memórias, Contos e Falas. A voz de um povo”. A Feira do Livro é um marco no município de Torres, sob o ponto de vista cultural, literário, educacional, do lazer, do turismo e do comércio, onde as famílias se reúnem para acompanhar as atividades proporcionadas, em especial os lançamentos literários e as apresentações culturais.” (Fonte: Site da Prefeitura de Torres)

Mas a que está ocorrendo agora em outubro não é a FEIRA DO LIVRO DE TORRES, seria a vigésima, mas sim uma FEIRA ESCOLAR DO LIVRO, ou outro nome parecido, por ser iniciativa e realização exclusiva da Secretaria de Educação e ser direcionada só para público escolar, e ainda assim aberta somente para o público escolar municipal ao que parece, cortando fora uma parte significativa da população escolar, o ensino médio, e toda a rede de ensino estadual e privado.

Embora muito louvável a iniciativa de trabalhar o público escolar, mas que deveria ser no seu todo, inclusive o estadual e particular, na ótica de formação de leitores e mediação de leitura para os mais novos, uma autêntica FEIRA DO LIVRO deve ser muito mais do que isso.

 

Por exemplo:

I – popularizar o livro e incentivar a leitura;

II – divulgar e promover a edição nacional e internacional;

III – integrar autores, livreiros, editores e distribuidores;

IV – estabelecer contato entre o público e os autores;

V – reforçar e dinamizar a imagem do Município de Torres como Cidade Leitora;

VI – divulgar e promover o componente lúdico e didático, como apoio ao desenvolvimento à leitura;

VII – responder as necessidades de informação, cultura e lazer do público leitor;

VIII – fomentar de forma transversal, hábitos fixos de leitura reflexionando no exercício da cidadania.

(do Decreto Municipal Nº 151, de 16 de agosto de 2018).

 

Pelo mesmo decreto a organização da feira seria incumbência também da Secretaria da Cultura e do Esporte mas ela está tão omissa, que ao ser solicitada, não tem pudor em dizer que não vai ter qualquer participação na organização da mesma.

 

Mas a FEIRA DO LIVRO é um também evento relevante para o Calendário de Eventos do Município de Torres, consagrado na Lei Nº 5.262/22, não deveria então ser rasurada ou podada na sua execução sem que haja alguma explicação pública com justificativa plausível desta redução de alcance e programação.

 

Analisando esse Calendário de Eventos apresentado pelo executivo e aprovado pelo legislativo, é claro que PRATICAMENTE TODAS as atividades sob o comando da Secretaria da Cultura e do Esporte, relativas à Cultura ficaram letra-morta:

 

Encontro de Coros (06/05)

Primavera dos Museus (01 a 04/09)

Mostra de Cinema (16 e 17/09)

Torres na cena (Festival de Teatro) (03 a 08/10)

 

Mais que um deslize então, esta realização parcial da FEIRA DO LIVRO, como FEIRA ESCOLAR DO LIVRO, é a confirmação da paralisia total das políticas públicas na área da cultura que a sociedade civil nas suas falas apontou na audiência pública sobre a Cultura, organizada recentemente na Câmara Municipal de Vereadores.

Viva a FEIRA DO LIVRO DE TORRES, a verdadeira, aberta a toda a população e todos os públicos, e NÃO ao desmonte da Cultura no Município.

 

Na foto acima, uma imagem da X Feira do Livro de Torres, na Prainha, quando ela era orgulho da cidade, admirada pelos escritores e autores em virtude da excepcional localização e cuidados na organização.

 

*Texto escrito por Tommaso Mottironi, Produtor cultural e Editor, incentivador do Cine Clube de Torres, Ponto de cultura Cultura Viva.




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