Sobrenomes Torrenses…

"O livro do osoriense Rodrigo Trespach, 'Cidade dos Ventos', me despertou novamente o interesse pelos sobrenomes em geral, mas mais especificamente dos sobrenomes daqui de Torres". (por Roni Dalpiaz)

9 de dezembro de 2022

O livro do osoriense Rodrigo Trespach, “Cidade dos Ventos”, me despertou novamente o interesse pelos sobrenomes em geral, mas mais especificamente dos sobrenomes daqui de Torres.

Num livro de Rushel, em uma de suas crônicas, há a origem de alguns sobrenomes das famílias açorianas que para cá vieram no século XVIII, oriundos de Santa Catarina (70%) e Mostardas (10). Sobrenomes açorianos como Borges, Silveira, Rosa, Terra e Brum são derivados de suas origens flamencas (Os açores foram colonizados por imigrantes dos Países Baixos), van der Berge (Borges), van der Haagen (Silveira), van Roosen (Rosa), van Aard (Terra), e van Bruyn (Brum).

De acordo com Trespach, o uso do sobrenome como identificação familiar surgiu, mais ou menos, na mesma época dos registros, mas não havia ainda uma obrigação quanto à hereditariedade como a que temos hoje. E isso também varia conforme o país, cada um adotou forma diferente a utilização do sobrenome, e também em épocas variadas. Isso quer dizer que surgiram vários sobrenomes idênticos em grupos com códigos genéticos distintos, ou vice-versa, tendo como resultado vários grupos de DNA utilizando o mesmo sobrenome como identificação.

Vamos usar como exemplo a família Schumacher, que em alemão significa sapateiro e na Alemanha havia muitos sapateiros em vilas e cidades, surgindo, assim, várias famílias Schumacher, sem nenhuma ligação uma com as outras quanto ao código genético. Há casos de que famílias portam sobrenomes distintos e, no entanto, são descendentes de um mesmo ancestral, com o mesmo DNA. Os sobrenomes não eram nada mais do que simples apelidos ou alcunhas, daí que os sobrenomes indicam geralmente características físicas, lugares de origem e as profissões dos primeiros portadores. E cada povo ou país adotou uma forma de transmiti-los de geração em geração. (Trespach)

Se o uso do sobrenome serviu como identificação familiar, provavelmente Rosa, Silveira, Terra são bons exemplos disso.

Os registros paroquiais de batismo, casamento e óbitos, começam a ser organizados com o Concílio de Trento (1545-1563), que estabeleceu a obrigatoriedade quanto aos registros de nascimento para os católicos. Naquela época, pós-reforma Protestante, a disputa por membros tornou necessária a identificação dos fiéis e a contagem e os registros passaram a ser uma obrigação dos padres e pastores de cada cidade europeia. Estes primeiros registros ainda não apontavam os sobrenomes, somente os nomes. Em sua maioria, nem o nome da mãe da criança batizada era informado. O uso do sobrenome como identificação familiar surgiu um pouco depois, mas não havia ainda uma obrigação quanto à hereditariedade, como hoje. O surgimento das disputas quanto ao direito de sucessão (de terras e bens) – era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da terra, para que os filhos ou parentes pudessem adquirir a terra, já que qualquer pessoa com o mesmo nome poderia tentar se passar por filho. (Trespach)

Apesar de constatarmos a presença destes e de outros sobrenomes autenticamente açorianos, Ruschel localizou, através de registros de óbitos os seguintes sobrenomes aqui em Torres:

-João Martins da Rocha, falecido em 1810, com 67 anos, sepultado na matriz de Osório. Era natural da ilha Terceira, uma das Açores, e foi pai de Francisco Martins da Rocha e sogro de Elias da Silveira, dois importantes fazendeiros e povoadores da região de Itapeva e Estância do Meio.

-José Silveira, natural da ilha de São Jorge ou da de Faial (Açores), falecido em 1811, com 80 anos, sepultado no cemitério da Itapeva. Este colono parece ter sido descendente do flamengo Wilhelm van der Haagen, a que os portugueses apelidaram de Guilherme da Silveira, um dos povoadores daquelas ilhas. José era pai do fazendeiro Alexandre da Silveira, dono de extenso capo ao sul da Itapeva.

-José Pereira Brum, natural da ilha do Pico, uma das Açores, morto em 1813, aos 70 anos. Era da família flamenga dos Bruyn e deixou descendentes no município.

 

 

Fontes: Ruschel, Ruy Ruben. Torres tem história. Trespach, Rodrigo. Cidade dos Ventos.




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